sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O exemplo dos pais

As crianças bondosas são mais felizes. Foi o que revelou uma pesquisa realizada pelas universidades da Califórnia, nos EUA, e British Columbia, no Canadá.


Para chegar nesse resultado, 400 estudantes, de Vancouver, entre 9 e 11 anos, tiveram que escolher um ato de bondade (dividir o lanche, visitar os avós, etc) que praticariam durante um mês. Os que preferiram fazer ações solidárias foram mais bem aceitos entre seus amigos. Popularidade capaz, até mesmo, de diminuir o indíce de bullying.

A pesquisa mostrou que as pessoas felizes não dão espaço ao egoísmo. Mas, como ensinar uma criança a trocar o “eu” pelo “nós”?

Exemplo

Segundo a psicóloga Iolete Silva, professora doutora da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), as crianças aprendem através do exemplo, “Elas são extremamente observadoras. Às vezes, não têm recurso intelectual para entender, mas estão ‘de olho’ em tudo que os pais fazem e falam”, alertou. Ainda segundo a psicóloga, o erro mais comum dos pais, nesse sentido, é a contradição, por exemplo: gritar com o filho exigindo que ele pare de gritar, ou ser bagunceiro e cobrar organização.


Quem também concorda com a filosofia “o exemplo é a melhor forma de educar”, é Gisele Braga, psicóloga e mestre em educação. “O altruísmo, a gentileza, a divisão devem ser estimuladas nas pessoas desde quando são bebês. Ensine a lei do retorno, que gentileza gera gentileza, sem imposição. Todos gostam mais dos que são gentis, e ser aceito gera felicidade”, explicou Gisele.

Ninguém é perfeito, mas se você é responsável por uma criança nunca use a máxima “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Iolete Silva recomenda, “Caso seja ‘pego em flagrante’ (falando uma coisa e fazendo outra) assuma seu erro, explique o que aconteceu e diga que isso não vai se repetir”.

Filho único

Para a criança exercitar a cooperação é preciso que ela conviva com outros colegas da mesma idade. Isso explica o preconceito em torno dos filhos únicos. Esses são facilmente rotulados de mimados e egocêntricos, mas as psicólogas garantem: para a fama não fazer jus a realidade os pais devem estimular ao máximo o convívio dos seus filhos com outros juvenis. Por isso, Gisele Braga aconselha, “Não demore para colocar seu filho na escola”.

Fonte: http://acritica.uol.com.br/vida/referencia-tornar-criancas-felizes-confiantes_0_851914854.html

A importância da religião no relacionamento



Por Paula*

"Olaaaa meninas td bem?

Realmente sumimos, mas como a Ca já falou, estávamos na correria.

Bom, hoje vou falar de um assunto importante, não sei se todos sabem mas sou católica, e confesso que ha alguns anos atras eu não praticava nada! Sempre tive fė e acreditei em Deus, mas antes de casar resolvi me aprofundar mais um pouco na minha religião.

Eu e o Maurinho começamos a freqüentar a missa aos domingos e isso nos ajudou muitooo na preparação pro casamento, nos tornamos mais unidos e pacientes um com o outro. Todos sabem que casamento gera um strees muito grande, os preparativos e tal, a missa me ajudou muito porque me fez uma pessoa melhor mais confiante, não sei, me senti muito bem!

Sei que isso vai de pessoa para pessoa, não tenho intenção de forçar ninguém, só estou dando um testemunho.

Para as que vão se casar na igreja católica é obrigatório o curso de noivos, e logo já pensamos em ” nossa que coisa chata!!”. Confesso que o nosso curso foi um pouco extenso, mas serviu para muitas coisas, aprendemos o verdadeiro significado do casamento, do matrimonio, do sacramento! E foi muito interessante porque compartilhamos sentimentos e sonhos que pretendemos realizar juntos, é um tempo que você tem ali para refletir algumas horas sobre o que você pretende pro seu casamento!

Se você começar a procurar cada vez mais aumentar a sua fé, a vida se torna mais fácil e você sabe que nunca vai estar sozinho, então, para as católicas tentem ir a missa com seu noivo, marido, companheiro, isso vai fazer muitooo bem para o casal, para as que não são, nunca deixem de ter fé, se você acredita em algo superior isso já faz a diferença!!

Espero que tenha sido clara e que entendam que esta é a minha opinião e quis compartilhar com vocês, porque da mesma maneira que fez bem para o meu relacionamento, talvez possa acrescentar algo de bom para o de vocês!"



* Extraído do Blog "Jogando o buquê! "
(http://jogandoobuque.com/a-importancia-da-religiao-no-relacionamento/)

Por que os casamentos estão durando tão pouco?

Nos dias atuais, tempo é artigo de luxo. Vivemos acelerados, na corrida contra o relógio, encaixando compromissos em agendas já lotadas, reclamando do trânsito, das filas, das demoras. É a refeição que não chega logo, é a Internet que está lenta, é o carro da frente que não anda. Na sociedade contemporânea, bom é sinônimo de fast - talvez por isso, agilidade e eficiência sejam termos tão explorados pelas campanhas publicitárias. Mas e quando o assunto é relacionamento - ou, mais especificamente, relacionamento amoroso? Será que essa síndrome da urgência também pode ter reflexos na vida afetiva? Por que alguns casamentos duram tão pouco?


O sociólogo polonês Zygmunt Bauman afirma em seu livro "Amor Líquido" (Editora Zahar) que os laços humanos estão cada vez mais frágeis. Segundo ele, estamos tão acostumados às relações de mercado que tentamos aplicá-las a tudo - inclusive às próprias relações amorosas. Paralelamente a isso, as festas de casamento deixam de ser rituais simbólicos para celebrar a união e se transformam em eventos extravagantes e espetaculares. Segundo o psicólogo e terapeuta Ailton Amélio, autor do livro "Relacionamento Amoroso" (Publifolha), o casamento é um pacote, e boa parte deste pacote foi enfraquecida. "Há 30 anos havia o desquite, mas não o divórcio, ou seja, não era possível casar legalmente mais de uma vez. Além disso, a própria opinião pública condenava a separação e um novo casamento. Hoje isso mudou: basta ir ao cartório e entrar com pedido de separação", diz.

De acordo com ele, todo casamento envolve ajustes, dificuldades e até mesmo crises sérias. "Muitos divórcios relâmpagos acontecem porque ou o casal ainda está sob efeito da euforia da paixão inicial e não se conhece suficientemente bem quando decide subir no altar, ou deixou o tempo passar demais para tomar esta decisão", afirma, neste último caso se referindo aqueles que namoram por muitos anos, casam e acabam se separando poucos meses após a união. "Costumo dizer que a paixão é míope e que o namoro é um bom par de óculos. Por isso, é importante conviver e conhecer verdadeiramente o outro, diluindo fantasias e idealizações. Por outro lado, namorar tempo demais pode fazer com que o casal tenha pouca energia e tolerância para lidar com os obstáculos que certamente terão quando decidirem viver sob o mesmo teto", ressalta Amélio.

Ressaca pós-festa

Ailton Amélio diz que a celebração do casamento é um importante ritual de passagem, mas considera que nos dias de hoje há uma exacerbação das festas e comemorações. "Há um consumismo exagerado estimulado pela mídia e pela publicidade. Somos cada vez mais escravos de necessidades que são continuamente criadas e nos satisfazem por pouco tempo. É assim com o carro novo, com a casa nova e com o próprio casamento. Muita gente passa anos planejando uma festa que talvez nem consiga aproveitar direito; é um enorme investimento de energia em algo que vai durar apenas algumas horas", avalia. Passado o grande dia, o casal precisa se adaptar à nova rotina a dois. "E é aí que pode surgir uma ressaca, uma sensação de vazio."

O diretor de marketing Rodrigo Nascimento sentiu na pele as amarguras de se casar e se separar antes mesmo de completar um ano de união. Hoje, aos 29 anos, se casou pela segunda vez e afirma estar mais maduro e certo para viver uma vida a dois. “Quando me casei pela primeira vez tomamos a decisão pensando no tempo de namoro. Estávamos juntos há cinco anos e sentimos que era a hora certa. No casamento atual, analisei aspectos de médio e longo prazo no relacionamento para os dois”, conta ele.


Nascimento lembra que o desgaste principal do antigo relacionamento foi o desentendimento na vida profissional. A ex-esposa, que na época tinha 23 anos (ele tinha 25), queria mudar de cidade em busca de uma melhor colocação profissional, mas o desejo de Rodrigo era permanecer na mesma empresa. “Nos casamos logo após ela ter se formado na faculdade. Não pensamos no depois, em como seria a vida a dois. Somente que era o momento de nos casarmos. Foram seis meses de discussão”, recorda. O ex-casal percebeu que não teria como manter uma relação à distância com uma eventual mudança de cidade e, de comum acordo, resolveu se separar quando o casamento completava 10 meses.

“É triste, pois fizemos uma festa bonita de casamento, tínhamos um apartamento todo arrumado e as famílias eram próximas. Foi um banho de água fria em todo mundo”. Os familiares ainda tentaram convencer o casal a ficar junto, mas as iniciativas não deram certo. “Foi muito difícil cortar os laços, mas era necessário. Todos tinham esperanças de que reatássemos, mas sabíamos que não iria acontecer. As brigas foram muitas e o amor acabou”, justifica. Depois da separação veio a pior parte, segundo Nascimento: dividir os objetos da casa. “O apartamento era novinho, com todos os móveis comprados pelos dois. Algumas coisas ainda estavam chegando em casa quando nos separamos”, diz.

Nascimento conta que acabou virando motivo de piadas entre os amigos. “Eles falam que nunca viram um casamento tão rápido como o meu. E tudo virou motivo para tirar sarro. Até fizeram uma aposta de quantos casamentos vou ter até a Copa de 2014. Espero estar no último”. Ele afirma que não acredita em uma fórmula para fazer a união dar certo, mas acha que precisa, e muito, do esforço das duas partes. “Estou casado há sete meses e nos entendemos bastante. O segredo é querer as mesmas coisas e respeitar a outra pessoa. Ninguém deve anular ninguém”, aconselha.

Trauma

Um casamento que fracassa logo no início pode significar um trauma na vida de um casal. Amanda Begatti tinha 21 anos quando se casou. Demorou um ano e meio para planejar sua festa de casamento perfeita. Escolheu todos os detalhes pessoalmente, desde as rosas que enfeitaram a igreja até o destino da lua de mel: Fernando de Noronha. O que Amanda não planejou foi a vida a dois. No primeiro mês de convivência com seu marido, a fisioterapeuta teve a certeza de que a união não iria durar muito - e, de fato, não durou: sete meses depois, os dois se divorciaram. “E olha que nós namoramos durante quatro anos. Mas éramos jovens demais, saímos daquela convivência da casa de pai e mãe achando a vida seria da mesma forma. Eu nunca lavei uma peça de roupa na casa dos meus pais e meu ex-marido achava que isso era minha obrigação. Ele queria um tipo de esposa e eu era uma pessoa completamente diferente do que ele imaginava”, explica.

A separação, segundo Amanda, chocou toda a família. “Meus pais não aceitaram muito bem. Na minha família toda separação ainda é tabu. Mas eu preferi criar coragem e terminar com tudo aquilo que não passou de um sonho - daqueles com direito a vestido e festa grandiosa, mas sem amor verdadeiro. Depois disso, nunca mais me casei e confesso que tive problemas para encarar namoros mais sérios. Hoje, tenho 29 anos e meu conselho para as pessoas é que não se casem antes dos 30. Se eu soubesse que seria assim, teria guardado o dinheiro que eu e minha família gastamos no casamento e faria um curso na Europa”, lamenta a fisioterapeuta.

Para a terapeuta de casais Tatiane Castro, não há uma garantia de que um casamento vai durar para sempre e nem tem como saber se irá funcionar mesmo por poucos meses. A única certeza é que haverá problemas e o casal vai passar por períodos difíceis, principalmente no começo, devido à falta de prepare dos dois. “Não existe uma receita, as pessoas têm suas manias e cabe ter tolerância, paciência e saber cuidar um do outro. No começo as coisas são mais belas e também difíceis. Hoje está muito fácil se separar ”, diz.

A terapeuta acredita que muitos casais se separam antes de completar um ano de união devido ao individualismo de ambos. “Um simplesmente não enxerga o outro.” A psicóloga e psicanalista Paula Cordeiro Zílio compartilha da mesma opinião “Vivemos em uma sociedade narcisista. Se a pessoa não corresponde ao que queremos, simplesmente caímos fora”, afirma. Daí a concluir que o futuro de instituições como o casamento, que pressupõem altas doses de comprometimento e generosidade, está ameaçado, é fácil: “Estamos em um momento histórico, onde as pessoas só pensam em si. Para terminar, mesmo o mais sério dos relacionamentos é muito simples, então casa-se e, em seguida, cada um vai para um lado”, conclui Paula Zílio.

Fonte: http://delas.ig.com.br/comportamento/separacaodivorcio/casamentos-que-duram-menos-de-um-ano/n1597363301428.html

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Afinal, quanto ao sexo, vale tudo para um casal?


A Igreja é muito discreta ao falar do ato sexual do casal cristão, mas não deixa de dizer, no Catecismo, que:

§2362 – "Os atos com os quais os cônjuges se unem íntima e castamente são honestos e dignos. Quando realizados de maneira verdadeiramente humana, testemunham e desenvolvem a mútua doação, pela qual os esposos se enriquecem com o coração alegre e agradecido" (GS 49,2). A sexualidade é fonte de alegria e de prazer".

"A sexualidade, mediante a qual o homem e a mulher se doam um ao outro com os atos próprios e exclusivos dos esposos, não é em absoluto algo puramente biológico, mas diz respeito ao núcleo íntimo da pessoa humana como tal. Ela só se realiza de maneira verdadeiramente humana se for parte integral do amor com o qual homem e mulher se empenham totalmente um para com o outro até a morte." (CIC, §2361; FC,11).

O Papa Pio XII já tinha dito há muito que:

"O próprio Criador (...) estabeleceu que nesta função (isto é, de geração) os esposos sentissem prazer e satisfação do corpo e do espírito. Portanto, os esposos não fazem nada mal em procurar este prazer e em gozá-lo. Eles aceitam o que o Criador lhes destinou. Contudo os esposos devem saber manter-se nos limites de uma moderação justa (g.m.)" (Pio XII, 29/10/1951).

Sabemos que é necessário e legítimo o prelúdio sexual, especialmente para a mulher atingir o orgasmo junto com o marido; mas o mais importante e o que a mulher mais precisa na verdade, para ter uma harmonia sexual com o esposo, é ser muito amada. O ato sexual não começa quando ambos vão dormir; mas desde quando se levantam para começar um novo dia.

Mas o que seria um ato sexual realizado "de maneira verdadeiramente humana"? De acordo com alguns estudiosos do catolicismo, seria algo "puro", sem praticas como sexo anal, sexo oral ou mesmo masturbação mútua, bem como o acesso a material pornográfico ou mesmo brincadeiras e carícias que pudessem levar ao orgasmo masculino sem a ejaculação no canal vaginal da mulher. É sim,... tem gente que pensa assim.



Bem,... está aberto o debate: se o que nos distingue dos animais quanto a sexualidade é, além de fazer sexo por prazer, dar e receber amor, não seria correto afirmar que todo e qualquer ato sexual entre um casal regido por seu mais profundo amor é algo verdadeiramente humano? Para alguns sim, para outros, nem tanto.

O fato é que a intimidade de um casal é apenas dele, tornando-se um dos valores mais sagrados que devem ser preservados na convivência matrimonial. Acima de qualquer regra deve sim prevalecer a conivência, a cumplicidade, a doação através do amor mútuo e a satisfação de ambos.

Mas afinal, o "vale tudo" é ou não é pecado?????

Existem interpretações cristãs capazes de ver pecado em tudo. E são mais do que simples pecados: são pecados mortais! Vejamos: faltar às missas dominicais, fazer compras aos domingos, laqueadura, vasectomia (por razões de controle de natalidade), controle de natalidade artificial (camisinhas, anticoncepcionais,etc), pensamentos e desejos impuros, imodéstia no vestir (o ato de vestir deve mais esconder do que revelar), beijos e abraços prolongados se causarem desejos sexuais,  casar de novo após divórcio, embriaguez, ler livros e materiais pornográficos, assistir filmes pornográficos e programas de TV idem, mulher usar roupa de homem, sexo antes do casamento…  Sejamos claros: todos estes incontáveis supostos pecados acabam por aprisionar os fiéis num mundo amedrontador, cercado de ameaças e de tentações proibidas.

Mas quem pode nos dizer o que é e o que não é pecado na vida sexual de um casal? Para nos ajudar nesta discussão, cabe aqui uma pequena consulta ao Evangelho de Lucas:

"Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados" (Lucas 6,37)

"Porque reparas no argueiro que está na vista do teu irmão e não reparas na trave que está na tua própria vista?" (Lucas 6,41)


É lógico que limites existem para tudo. Nossa formação católica nos oferece orientações e palavras sobre o tema propiciando profundas reflexões. Estas, contudo, além  de sofrerem constantes releituras por parte de nossos sacerdotes, são, como propriamente ditas: orientações. Nosso Senhor nos deu o dom do Livre Arbítrio e assim vemos a necessidade de buscarmos formação para usa-lo de modo saudável e construtivo.


Portanto, podemos concluir que se torna um tanto complicado sustentar a ideia de que é um ato pecaminoso  um cônjuge propiciar ao outro um prazer sexual desejado por ambos mergulhados profundamente em sua intimidade matrimonial. Mesmo que possa parecer vir de encontro ao catecismo da Igreja, que, diga-se de passagem, também é passível de várias interpretações.

Além do mais, o mundo está cheio de pecados mais sérios, mais dolorosos e tristes. O próprio Papa Francisco recentemente deu a entender em um de seus pronunciamentos que está de saco cheio quanto a obsessão católica sobre casamento gay, aborto e contracepção (vide link). E o que isso significa? Talvez signifique que nosso Papa esteja pedindo para que nos voltemos a preocupações mais emergenciais agindo como cristãos em essência, voltados para uma visão mais global a respeito dos novos desafios do mundo moderno, que está cheio de verdadeiros e horrendos pecados.

E ele é o Papa...



As diferenças "cerebrais" entre o homem e a mulher

Você pensa como homem ou como mulher? Cadê seu órgão sexual? Não, não aquele. A resposta pode estar mais em cima, no cérebro.

Assim como homens e mulheres são visualmente diferentes, suas estruturas cerebrais também têm peculiaridades próprias. Cada um dos sexos tende a usar o cérebro de modos distintos para, por exemplo, achar caminhos no trânsito, desengavetar lembranças, trocar idéias com amigos ou fazer compras. As diferenças entre o cérebro masculino e o feminino são, ao lado de fatores culturais, responsáveis por aptidões mais tipicamente masculinas ou femininas. É o que acreditam pesquisadores como o psicólogo Simon Baron-Cohen, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido e o neurologista Matthias Riepe, da Universidade de Ulm, Alemanha.

 O cérebro feminino, por exemplo, tende a ser mais organizado para dar conta da linguagem. Mulheres costumam se dar melhor em testes de fluência verbal. Elas têm, por exemplo, mais facilidade em recordar uma lista de palavras começando com a mesma letra.


 Na orientação espacial, ponto para os homens. Na média, o sexo masculino tem também mais facilidade em visualizar objetos em rotação, identificar figuras geométricas escondidas num desenho mais amplo, calcular distâncias e velocidades. E, como os macacos machos, os homens são mais precisos em acertar objetos em determinado alvo.

 Já a coordenação motora fina é melhor entre as mulheres. Elas também têm mais facilidade em identificar com rapidez figuras idênticas entre imagens semelhantes ou perceber se determinado objeto foi removido do lugar. O sexo feminino costuma ser melhor em testes de associações de idéias – fazer uma lista de objetos com a mesma cor, por exemplo.


 Diferenças à parte, ninguém é menos inteligente. Nos testes de QI, homens costumam ir melhor nas questões relacionadas à inteligência não-verbal; e mulheres, nas de inteligência verbal. Na média, porém, o QI feminino e o masculino são os mesmos.

 Não faltam estudos que apontam diferenças no cérebro masculino e feminino. Em relação à linguagem, por exemplo, uma pesquisa da Universidade Yale, nos Estados Unidos, mostra que as mulheres processam as informações nos dois lados do cérebro, geralmente com predominância do esquerdo. Já os homens tendem a utilizar só o hemisfério esquerdo e nada mais. Essa diferença ajuda a explicar o melhor desempenho feminino na linguagem verbal. Nas tarefas relacionadas à orientação espacial, também há variações. Apenas os homens utilizam de forma significativa os dois lados de uma região cerebral chamada hipocampo – possível explicação para a vantagem masculina.

 “Homens e mulheres têm cérebro organizado de formas diferentes“, afirma o neurologista Matthias Riepe, da Universidade de Ulm, na Alemanha. “Isso pode parecer estranho do ponto de vista social, mas é completamente natural do ponto de vista neurológico.” 

 Quer dizer, então, que homens são de Marte e mulheres de Vênus? “Não, são todos da Terra“, ironiza o psicólogo Simon Baron-Cohen. Afinal, as diferenças não são tão extremas assim, afirma em seu livro “The Essencial Difference” (A Diferença Essencial), lançado neste ano no Reino Unido. “As variações são estatísticas, mas cada indivíduo é diferente.” Claro que há mulheres excelentes em matemática e homens com enorme habilidade verbal, exemplifica.

 Mas para Baron-Cohen, há uma diferença básica entre a média dos homens e das mulheres. Pelo seu raciocínio, homens tendem a ter mais habilidade na sistematização. Ou seja, têm o cérebro mais bem estruturado para entender sistemas baseados em regras rígidas de causa e conseqüência. Daí a maior habilidade masculina nas ciências exatas e na orientação espacial.

 No cérebro feminino, a marca é a empatia. “Mulheres tendem a ter mais facilidade em identificar emoções alheias e em responder de forma apropriada.” Para Baron-Cohen, a empatia é estreitamente associada à habilidade verbal. Um fator é ao mesmo tempo causa e conseqüência do outro. 



Os extremos se encontram 

 Na classificação do psicólogo, há também o cérebro misto, com igual dose de habilidade para empatia e sistematização. Para corroborar suas idéias, Baron-Cohen criou dois questionários, um para avaliar o grau de empatia e outro, para o de sistematização.

 Mulheres costumam fazer mais pontos no primeiro, feito de perguntas como: “eu sei quando entrar numa conversa?” ou “consigo prever o sentimento dos outros?“. Na média os homens têm melhor resultado no questionário de sistematização, com perguntas que avaliam, entre outras coisas, o grau de entrosamento social e de interesse sobre o funcionamento das coisas.

 Mas não faltam críticos às idéias do britânico. “O teste é ultrapassado, esteriotipado e preconceituoso“, dispara o psiquiatra Luiz Cuschnir, coordenador do Gender Group do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas e do Centro de Estudos de Identidade do Homem e da Mulher. “O teste é baseado em referenciais que não existem mais“, diz. Para ele, a conciliação entre sistematização e empatia é regra, não exceção.

 Outro que vê a teoria com reservas é o neurofisiologista Renato Sabbatini, diretor do Núcleo de Informática Médica da Unicamp. “Essa generalização não testa a verdadeira contribuição do cérebro em adultos, uma vez que a influência ambiental é fundamental“, diz ele. “A gente não consegue escapar da cultura.”

 O peso da biologia 

 Cohen rebate: “Claro que a cultura é importante, mas não se pode desprezar os aspectos biológicos. Nos anos 70, a tendência era resumir todas as diferenças entre os sexos à cultura. Mas, com o avanço da tecnologia para obter imagens do cérebro, hoje se sabe que não é assim.”

 Para ele, um dos principais responsáveis pelas diferenças entre os dois sexos é o hormônio masculino testosterona. Segundo algumas teorias, quanto maior o nível da substância nos fetos, maior o desenvolvimento do lado direito do cérebro, tradicionalmente relacionado à inteligência espacial. É por isso que, ainda no útero, o hemisfério direito dos meninos se desenvolve mais rapidamente que o esquerdo. Para Baron-Cohen, é justamente aí que está o ponto de partida da vantagem masculina na sistematização. 

Também por isso, diz ele, as mulheres tendem a ter mais habilidade relacionada à linguagem. Afinal, se nos fetos machos o lado direito se desenvolve mais, o esquerdo, associado à linguagem e à comunicação, fica atrás na comparação com as meninas.

 Em relação à linguagem, as mulheres têm outra vantagem sobre os homens. Para se comunicar, além do lado esquerdo – nesse caso, predominante -, também usam o hemisfério direito.

 Para Baron-Cohen, uma das explicações para os homens usarem apenas o lado esquerdo para funções lingüísticas poderia ser que, no sexo masculino, o lado direito estaria ocupado com tarefas relacionadas à inteligência espacial e à sistematização. Já as mulheres teriam mais espaço disponível no hemisfério direito para processar também informações lingüísticas.


 Para testar a teoria do impacto hormonal sobre o funcionamento do cérebro, Baron-Cohen mediu o nível de testosterona pré-natal de um grupo de crianças de Cambridge. A dose do hormônio veio do líquido amniótico da barriga das mães. Depois de apurar o nível hormonal das crianças, a equipe da Universidade de Cambridge avaliou o vocabulário de cada uma por meio de um questionário respondido pelos pais.

 Com um ano e meio de idade, as meninas, com menor dose hormonal, usavam em média 86 palavras. Os meninos usavam 41. Após seis meses, a vantagem feminina continuava: seu vocabulário médio, de 275 palavras, superava em 40% o dos garotos, de 196. O estudo revelou também diferenças entre crianças do mesmo sexo: quanto maior o nível de testosterona nos fetos, menor o vocabulário. Ao completar quatro anos, voltaram ao laboratório para a equipe avaliar a diversidade de interesses.

 Na média, os meninos se interessavam por menos assuntos. Entre as crianças do mesmo sexo, quanto maior o nível de testosterona fetal, menor o leque de interesses. E quanto mais restritos os interesses, acredita Baron-Cohen, maior a facilidade para sistematização, que depende em parte de especialização.

 O nível de testosterona também influencia a inteligência espacial. Em testes para avaliá-la, tende a se sair melhor quem tiver maior nível do hormônio, tanto mulheres como homens. É o que revela estudo de Doreen Kimura, do Departamento de Psicologia da Universidade Simon Fraser, no Canadá.

A situação não é muito diferente entre ratos. Para encontrar a saída num labirinto, as fêmeas demoram mais que os machos. A desvantagem acaba, porém, com uma injeção de testosterona nas ratinhas. Ao contrário, machos sem hormônio empatam com as fêmeas. Em outro teste, fêmeas de macacos que receberam testosterona adotaram comportamento típico de machos, como simular brigas com os companheiros – atitude que, segundo Baron-Cohen, reflete menor grau de empatia.

 Também os hormônios femininos podem influenciar comportamentos, diz Cohen. Ele conta que, nos anos 50, uma forma de estrogênio sintetizada, o dietilestilbestrol, era receitada a mulheres para evitar abortos. O hormônio não mostrou eficácia para impedir o fim da gravidez. Mas teve outro efeito. Os meninos nascidos após o tratamento tendiam a gostar de atividades femininas, como brincar de boneca.

 Mas onde está a origem das diferenças biológicas entre os cérebros de cada sexo? Baron-Cohen aposta na evolução da espécie: nossos ancestrais tinham papéis bem definidos na comunidade, que exigia habilidades específicas. Para os homens, quanto maior a orientação espacial e habilidade para produzir armas – fatores associados à sistematização -, maiores as chances de sucesso na caçada. Tolerância à solidão era outro fator favorável às longas empreitadas masculinas. Bons caçadores aumentavam a chance de sobrevivência e de ascensão social. Quanto maior sua posição no grupo, maior seu acesso às mulheres e mais descendentes para espalhar seus genes.


 Mas não só o talento para caça ajudava os homens a ganhar status na comunidade. O mesmo valia para maior dose de agressividade e menor grau de empatia, muitas vezes necessários para derrotar adversários, diz Cohen. Quanto às mulheres, os requisitos eram outros. Maior empatia e habilidade para comunicação ajudam não só a cuidar dos filhos como a conseguir ajuda no grupo para tomar conta das crianças, fatores essenciais para a sobrevivência da prole.


 Então as diferenças cerebrais viriam dos genes de nossos ancestrais? Para o psicólogo John Gabrieli, da Universidade Stanford, nos EUA, a resposta não é tão simples. Ele ressalta que as diferenças cerebrais não têm necessariamente origem genética. “Algumas pessoas acham que homens e mulheres nascem com o cérebro de certa forma. Embora seja apenas uma possibilidade, as variações biológicas podem ser resultado de fatores sociais.”

 Um exemplo do raciocínio está nas ruas de Londres. Para ser taxista, é preciso ser aprovado num rigoroso teste de conhecimento das ruas e rotas da capital britânica. Em média, cada profissional estuda dois anos para a prova – período em que o hipocampo ganha um tamanho maior, segundo estudo da University College London. Sinal de que o cérebro também se adapta para dar conta de suas tarefas.

Fonte: Revista Galileu – Edição 144 – Jul/03